45. 3224-4896
Publicado em: 11/05/2023

Evento foi realizado pela OAB Cascavel, na última semana, em Cascavel, e despertou atenção de profissionais do ramo de Direito

 

Juízes, promotores, procuradores, magistrados e acadêmicos de Direito marcaram presença no 1º Congresso de Execução Penal do Oeste do Paraná, realizado de 3 a 5 de maio, pela OAB Cascavel (Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Cascavel), através da Comissão de Execução Penal, em Cascavel. A iniciativa, que aconteceu na sede da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), possibilitou a troca de informações e conhecimento acerca do sistema prisional brasileiro, que hoje tem um contingente de mais de 700 mil presos.  Profissionais de renome compartilharam opiniões a respeito da socialização e ressocialização de presos e da importância de políticas públicas no combate à violência.

 

Para a presidente em exercício da OAB Cascavel, doutora Deisi Cardoso, o Congresso foi inovador em função da temática abordada. “O evento foi um sucesso, com adesão maciça de profissionais e acadêmicos da área. A nossa missão é disseminar o conhecimento, qualificar e capacitar nossos advogados para que possam atender seus clientes da melhor forma possível”, comenta. 

 

Já a presidente da Comissão de Execução Penal e organizadora do Congresso, doutora Suelane Críssia Nascimento Gundim, a iniciativa foi primordial para a discussão de assuntos afetos à execução penal no sentido de entender que a pessoa que recebe a sentença voltará para a sociedade.

 

“Percebemos, muitas vezes, que as pessoas que cometem um crime são reincidentes. O questionamento é: como isso está sendo visto pela sociedade? Reunimos profissionais de renome para discutirmos a temática e contribuir para um sistema melhor”, diz.

 

Uma das palestrantes foi a juíza do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), doutora Claudia Spinassi, que falou sobre a aplicação da inteligência artificial (IA) na execução penal.

 

“Um avanço que a advocacia pode começar a fazer uso da inteligência artificial, que pode contribuir para a garantia de uma pena mais justa e ajudar na redução da superlotação carcerária”, pontua.

 

Os conceitos de socialização e ressocialização foram trazidos pelo diretor regional do Departamento de Polícia Penal de Cascavel, Thiago Correia. Segundo ele, o trabalho do policial penal é técnico dentro das unidades, mas que, ao longo dos anos, foi possível perceber que os detentos sequer viveram em sociedade em algum momento.

 

“O exemplo que apresento é de uma criança que viveu em ambiente hostil. Isso pode levar a um desvio de conduta em alguma fase da vida. Temos que pensar não somente na ressocialização, mas na socialização em si, porque ela sequer foi educada”, defende.

 

O presidente da Comissão de Execução Penal da OAB Caruaru (PE), doutor Vladimir Lemos de Almeida, palestrou sobre a temática “Atuação do advogado na execução penal”. Segundo ele, o maior desafio da área é a inexistência de uma legislação própria ou Código de Execução penal.

 

“As leis são esparsas, não existe um procedimento que seja comum a todos os estados. É necessário que tenhamos um Código Penal Nacional”, defende.

 

Quem também compartilhou conhecimento e informação no 1º Congresso de Execução do Oeste do Paraná foi o procurador do Ministério Público (MPSP), doutor Roberto Tardelli. Segundo ele, a naturalização do contingente penal de quase 1 milhão de detentos não poderia ter ocorrido no país.

 

Magistrado proativo

 

“O papel do magistrado como garantidor de direitos na execução penal” foi abordado pela juíza do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), doutora Josilene Vargas. Ela defende a presença do magistrado dentro das casas prisionais, com função proativa, na captação de projetos, estudo e trabalho para os apenados, visando a efetiva ressocialização.

 

“O que vemos é sistema prisional superlotado, com estado que não garante direitos mínimos, portanto tem que haver investimentos, seja do estado ou da própria sociedade em fazer sua parte”, frisa.

 

O juiz do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), doutor João Marcos Buch, expôs em sua participação a situação carceraria do Brasil em contrapartida ao estado de coisas inconstitucionais em que se encontra. Abordou como e o que motivou o Brasil a chegar nessa situação.

 

“É preciso superar a cultura do encarceramento em massa, entender que justiça se faz também antes disso, com justiça social, de igualdade e oportunidades, com habitação, empregabilidade, educação e saúde”, reforça.

Profissionais de renome discutem sistema carcerário em Congresso de Execução Penal