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Publicado em: 08/08/2022

Nascido no dia 13 de maio de 1926 em São João da Boa Vista, no estado de São Paulo, João Tavares de Lima chegou ao Paraná em 1941, na cidade de Londrina, para trabalhar como foguista de vapor. Ali, começou sua jornada para se tornar um dos maiores e mais renomados advogados da história da advocacia no estado.

Um dos pioneiros da profissão no estado, Luiz teve uma infância árdua e sempre deixou claro que as transformações e possibilidades da sua vida vieram através dos estudos e da leitura, ensinamento que ele fez questão de passar para os seus filhos.

“Nós chegávamos do colégio, cuidávamos do nosso próprio material, éramos responsável por fazermos nossa matrícula, tirar a nota 7 era o mínimo e se tirasse 10 era obrigação”, relembra Eneida Fettback, filha de João “eu me sinto muito honrada, eu tive pais que me ensinaram a ser humilde, ele nunca se vangloriou, ele tinha uma biblioteca imensa em casa, lia de 2 a 3 livros ao mesmo tempo, a vida dele era trabalhar, estudar, ouvir música clássica, ler, e pescar.”

João foi o primeiro advogado do Paraná a fazer uma especialização na PUC-SP, em direito tributário, e foi um dos fundadores da subseção da OAB em Londrina, exercendo cargo como secretário e posteriormente atuando como conselheiro. Quando se formou, o estado ainda não registrava nenhum advogado, tarefa que era de responsabilidade do Ministério de Educação do Rio de Janeiro.

Enquanto atuava como conselheiro no município no norte do Paraná, João Tavares de Lima ajudou a levar para a Universidade Estadual de Londrina (UEL) o curso de direito, onde atuou como professor na área de direito empresarial até seus 70 anos de idade, quando precisou se aposentar.

“Ele sempre manteve a maneira dele ser, ele batia na máquina de escrever, passava as petições para a secretaria, corrigia, e depois alguém protocolar para ele. Até o final da vida ele trabalhou utilizando a máquina”, conta Eneida.

A filha relembra os tempos de infância e afirma que o pai sempre manteve o pulso firme na criação sua e de seus irmãos, não entregando nenhuma resposta sem fazer os filhos pesquisarem antes. Eneida comenta que uma das qualidades de seu pai que falta nos jovens advogados atualmente é a gana de estudar e ler.

“Direito não é fácil, é uma matéria muito extensa, principalmente agora onde estamos vivendo uma globalização! Acho que os jovens precisam estudar, tem que ler, se você não leu o que ficou para trás na história você não consegue se localizar no momento presente”, afirma a advogada.

"Em casa nós tínhamos que ler muito! Nós temos uma biblioteca gigante, nós líamos  os clássicos da literatura brasileira e portuguesa, pois meu pai dava um livro para cada filho e depois tínhamos que contar para ele a história”, explica Eneida.

Entre olhares que buscam lembranças entre tantas memórias, Eneida pontua que seu pai foi extremamente batalhador e, quando indagada sobre sua melhor lembrança, a advogada surpreende.

“A melhor lembrança que tenho dele é ele sentado na ponta da mesa em casa, todos os dias, com os filhos e com a minha mãe. Ou ele conversava com a gente, ou ensinava alguma coisa”, destaca Eneida Fettback.

Até os últimos momentos de vida, João dedicou sua vida a advocacia brasileira e, sem perder o bom humor e o profissionalismo, deixou um legado que perdurará durante décadas na história do país.

João Tavares de Lima, histórias e um legado para além da advocacia